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Mais de 80% dos Pais Já Usaram o Tratamento Homeopático Com Os Filhos, Aponta Pesquisa

Recorrer à homeopatia como tratamento é uma alternativa utilizada por muitos pais. É o que mostra uma pesquisa realizada pela CRESCER em suas redes sociais. Das 766 pessoas que responderam ao questionário, 86,3% disseram que já optaram por esse tipo de tratamento para os filhos. A prática é reconhecida como uma especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina desde 1980. No Brasil, os profissionais que trabalham com o método precisam se formar em cursos tradicionais de medicina antes de se especializar. Todo homeopata, portanto, conta com o conhecimento alopata. O alopata, por outro lado, nem sempre conhece a homeopatia. 

Segundo o pediatra e homeopata, Moises Chencinski, a homeopatia é uma especialidade que não foca em uma doença específica, mas no paciente como um todo. "Duas crianças podem vir aqui com os mesmos sintomas e saírem da consulta com medicamentos diferentes", diz. O médico explica que cada um reage a um agente nocivo de formas diferentes e, por isso, é importante que o tratamento seja individualizado. 

Para Chencinski, como a homeopatia não trata doenças e sim desequilíbrios causado por determinadas patologias, é necessário ter cuidado com algumas ideias equivocadas. "A homeopatia não pode tratar o câncer, isso é feito com quimioterapia. No entanto, as crianças com câncer podem se beneficiar do uso da homeopatia para minimizar sintomas como o vômito e náusea", diz. 
Como funciona 

O especialista afirma que a homeopatia é um método terapêutico. Ele consiste em prescrever para pacientes doses diluídas de uma substância que, em quantidades elevadas, causaria sintomas semelhantes aos da doença que se quer combater. 

Dessa forma, os homeopatas primeiro investigam quais reações querem tratar e depois procuram uma substância que causaria esses sintomas em uma pessoa sã. O próximo passo é fazer o tratamento da substância. Por exemplo, no caso do arsênico, que é um veneno, ele é diluído até ficar em um estado em que não cause riscos aos pacientes, diz o pediatra. 

Chencinski explica que a consulta com o homeopata começa como qualquer consulta tradicional. O médico pergunta sobre os sintomas dos pacientes e tenta entender quando eles começaram a se manifestar. "Mas eu não pergunto apenas sobre a enxaqueca, busco saber como está o sono e alimentação", diz. No caso das crianças, o especialista sempre fica atento à vacinação. 

De acordo com o médico, a homeopatia busca ir ainda mais a fundo nas investigações. Dessa forma, foca no relacionamento das crianças com a escola e em seu comportamento, se tem uma atitude mais calma ou mais agitada, se tem medo de escuro ou não.

"Sintomas que não seriam nada para um tratamento alopático, a medicina tradicional, faz todo o sentido para um homeopata", afirma Chencinski. Para ele, tudo que diferencia o paciente de um comportamento normal pode ser considerado pela homeopatia. Por exemplo, se uma pessoa alegre e falante fica mais quieta. É preciso, assim, identificar quais são as causas da mudança de comportamento. 

Efeito placebo? 

Uma das críticas aos tratamentos homeopáticos é que eles funcionariam como medicamentos placebos, que têm efeito terapêutico devido à crença dos pacientes. Chencinski pensa de forma diferente. Para ele, se os tratamentos homeopáticos fossem placebos, eles não fariam efeito em recém-nascidos ou na área da medicina veterinária, por exemplo "Como fazer a cólica de um bebê passar conversando com ele ou mesmo fazer uma vaca dar mais leite apenas conversando com ela", diz. 

Segundo Chencinski, outro mito referente à homeopatia diz respeito às vacinas. A ideia de que o sistema rejeita recursos considerados um avanço pela medicina, como as vacinas, não é verdadeira. O pediatra esclarece que rejeitar as vacinas não é uma conduta aprovada pela Associação Médica Homeopática Brasileira AMHB. No site da associação, há um texto em destaque que alerta: "(...) a recomendação desta entidade é que se cumpra o calendário oficial de vacinação preconizado pelo Ministério da Saúde".

No Brasil, os medicamentos homeopáticos estão incluídos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) e podem ser encontrados no SUS.